Quando resenhei o EP “Shelter of Blames” do Hammurabi em 2008 e, dois anos depois, o álbum “The Extinction Root”, não era necessário ser vidente para prever que a banda se consolidaria como uma força criativa e influente no Thrash Metal nacional. E, agora, em 2024, os mineiros chegam ao marco de 18 anos de estrada, ainda imbuídos de fúria e descontentamento político e social, trazendo à tona seu novo trabalho: “Numbers”.
Fundada em 2006 por Daniel Lugondi e Críslei Rodrigo, a banda alcança sua maioridade com este álbum inédito, recheado de bônus e participações especiais. Daniel Lugondi, o único membro original remanescente, destaca-se como um verdadeiro pioneiro no uso de tecnologias que ampliam a conectividade e a colaboração entre músicos, facilitando a criação e produção musical mesmo à distância. Com produção, mixagem e masterização próprias, “Numbers” reflete esse avanço tecnológico.
“Numbers” nasceu de um projeto iniciado durante a pandemia, com a colaboração do tatuador paulistano Ricardo Ximenes e do experiente baterista Maurício Magaldi. Mesmo com a distância intercontinental entre os músicos, o álbum amadureceu, trazendo uma proposta musical centrada no death/thrash metal, que aborda temas contundentes. Faixas como “500K” e “A City Covered in Mud” evocam reflexões sobre tragédias como a pandemia e o desastre de Brumadinho.
O álbum também inclui homenagens, como a versão de “Propaganda” do Sepultura, em celebração aos 30 anos de “Chaos A.D.”, e “Refuse/Resist”, gravada para o canal Amazing Sessions com a participação de Rafinha Moreira. “State of War”, uma faixa extremamente rápida, nasceu da participação de Lugondi no Extreme Jam 2023 e explora temas atuais como a invasão de Israel à Palestina.
“Numbers” é um marco significativo na trajetória do Hammurabi, não apenas por abordar questões sociais urgentes, mas também por refletir o amadurecimento intelectual e musical de seus membros. É um testemunho da capacidade da banda de inovar e permanecer relevante em uma indústria em constante evolução.