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‘A Hora do Vampiro’ (2024) traz vampiros de volta, mas falta mordida e sofre com edição fraca

'A Hora do Vampiro' (2024) traz vampiros de volta, mas falta mordida e sofre com edição fraca

A nova adaptação de Stephen King falha em capturar a essência aterrorizante do original e sofre com cortes confusos

Em 2024, A Hora do Vampiro retorna às telas em uma nova adaptação da obra de Stephen King. O filme, dirigido por Gary Dauberman, conhecido por seus trabalhos em Annabelle e A Freira, traz de volta a cidade de Jerusalem’s Lot, uma comunidade assolada por vampiros. No entanto, apesar das expectativas, o longa peca em várias áreas, especialmente na edição, o que resulta em uma experiência desconexa e com cenas mal explicadas.

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Resumo do Filme

Baseado no segundo romance de Stephen King, A Hora do Vampiro segue o escritor Ben Mears que retorna à sua cidade natal, apenas para descobrir que é controlada por forças sobrenaturais, lideradas pelo vampiro Kurt Barlow. O romance de King nasceu de uma ideia curiosa: “E se Drácula viesse para uma pequena cidade americana no século XX?” Essa reflexão foi transformada em uma obra que solidificou vários dos assuntos que se tornariam recorrentes no trabalho do King, como o mal espreitando sob a superfície de uma cidade tranquila do Maine, um protagonista escritor, crianças precoces e um grupo de heróis desajustados tentando enfrentar uma ameaça sombria.

Análise Crítica

O novo A Hora do Vampiro é um filme tecnicamente competente, com uma boa fotografia e design de produção que evocam a atmosfera sombria de uma pequena cidade americana dos anos 70. A ambientação retrata bem a estética de época, criando uma atmosfera nostálgica para os fãs da obra original. Títulos de filmes como O Último dos Valentões e Um Lance no Escuro adornam os cinemas drive-in locais, e até a canção “Sundown” de Gordon Lightfoot evoca o período. No entanto, a tradição dos vampiros evoluiu tanto que a abordagem de Dauberman, ao tentar ser fiel ao estilo clássico, acaba parecendo antiquada em comparação com outras adaptações mais modernas.

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O filme foi gravado em 2021 e estava originalmente programado para ser lançado em 2022, mas foi adiado várias vezes, ficando guardado por quase dois anos antes de finalmente chegar ao público. Esses atrasos podem ter contribuído para a falta de coesão e o ritmo desbalanceado do filme. Dauberman, que havia criado expectativas por conta de seus trabalhos anteriores no terror, como Annabelle, não conseguiu replicar o mesmo impacto assustador que Tobe Hooper trouxe em 1979. Em vez de criar uma atmosfera de tensão crescente, o filme recorre a sustos previsíveis e uma narrativa simplificada, que sacrifica o desenvolvimento emocional e os detalhes humanos para focar nas cenas de ação.

Enquanto as versões anteriores de A Hora do Vampiro traziam uma exploração mais profunda dos personagens e suas relações com a cidade, aqui tudo parece comprimido e rápido demais. As cenas parecem ter sido cortadas sem grande cuidado, criando a impressão de que partes importantes da trama foram deixadas de fora.

Destaques e Pontos Fracos

Entre os pontos positivos, destacam-se as performances de Lewis Pullman como Ben Mears e Pilou Asbæk como o enigmático R.T. Straker. Eles conseguem dar um ar de autenticidade aos seus personagens, mesmo com o material limitado. Porém, a trama é tão condensada que muitos personagens acabam ficando superficiais, incluindo a cidade de Jerusalem’s Lot e a infame Casa Marsten, que deveria ser uma presença imponente e aterrorizante, mas acaba sendo apenas um cenário de fundo.

Outro ponto problemático é o uso excessivo de CGI nos vampiros, especialmente em Kurt Barlow, cuja aparência se assemelha muito à versão Nosferatu da minissérie de 1979, mas sem o mesmo impacto visual. A aplicação de efeitos digitais brilhantes acaba por retirar a humanidade dessas criaturas, tornando-as menos assustadoras e mais caricatas. Além disso, várias coincidências forçadas enfraquecem a narrativa, como a Dra. Cody magicamente ter uma vacina contra raiva à disposição, ou os vampiros aparecendo convenientemente sem necessidade de convite em algumas cenas, enquanto em outras precisam ser convidados.

Conclusão

Apesar de ser uma adaptação tecnicamente bem realizada em alguns aspectos, A Hora do Vampiro (2024) falha em capturar o terror e a profundidade da obra original, principalmente por conta de sua edição confusa e cortes que deixam lacunas importantes na trama. A narrativa parece apressada e sem espaço para que os personagens ou a história respirem. A escolha de Dauberman em focar na ação e não no elemento humano do terror faz com que o filme perca parte de sua essência, transformando uma obra seminal de Stephen King em um entretenimento leve, mais divertido do que assustador. Para os fãs do livro ou das adaptações anteriores, pode até haver momentos nostálgicos, mas falta a mordida e o impacto que o material merece.

Filipe Souza

Filipe Souza

Editor / Jornalista Responsável

MTB32471/RJ

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