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A Substância: O perturbador mergulho no horror de Hollywood que está dividindo críticos e chocando o público

A Substância: O perturbador mergulho no horror de Hollywood que está dividindo críticos e chocando o público

O filme A Substância, da diretora Coralie Fargeat, é uma provocativa obra de horror corporal que explora as obsessões da sociedade com juventude e beleza. Protagonizado por Demi Moore e Margaret Qualley, o longa desafia a imagem idealizada de Hollywood ao contar a história de uma atriz que, desesperada para se manter relevante, recorre a um experimento bizarro e grotesco. Lançado recentemente e com uma recepção controversa, A Substância é uma sátira sombria que utiliza o horror como meio de crítica social.

Demi Moore e Margaret Qualley: carreiras de destaque e papéis desafiadores

Demi Moore, conhecida por seu trabalho em filmes icônicos como Ghost e Striptease, assume em A Substância um de seus papéis mais intensos. Como Elisabeth Sparkle, Moore encarna uma atriz em decadência, lutando contra o envelhecimento e as pressões da indústria do entretenimento. O papel exige coragem e profundidade emocional, com Moore demonstrando uma entrega visceral.

Margaret Qualley, que ganhou notoriedade em Once Upon a Time in Hollywood, assume a identidade da versão rejuvenescida de Elisabeth. Como Sue, uma réplica mais jovem e vibrante de Elisabeth, Qualley exibe uma performance assustadoramente convincente, explorando os limites do corpo e da identidade. A química entre Moore e Qualley e a transição de uma personagem para a outra intensificam a narrativa sombria e os temas psicológicos de A Substância.

Enredo e Temas Centrais de ‘A Substância’

A Substância se passa em uma versão fictícia de Hollywood dos anos 80, com sua estética de spandex, neon e cabelos volumosos. Elisabeth Sparkle, a protagonista, está perdendo espaço no mundo dos famosos devido à sua idade. Após ser demitida de um programa de fitness, Elisabeth recorre a uma misteriosa substância, um líquido verde que promete reverter sua idade. No entanto, o procedimento desencadeia uma transformação grotesca: ao injetar a substância, Elisabeth gera uma nova versão de si mesma, jovem e “perfeita”, mas essa versão, Sue, só pode existir por uma semana, após o que ambas alternam existências.

A trama carrega temas profundos, como a pressão da indústria por juventude e beleza, a autoimagem, e a dualidade entre aparência e essência. Fargeat explora o horror corporal para revelar as consequências de uma cultura que valoriza a juventude como moeda social e expõe as profundezas da autodepreciação que muitas mulheres enfrentam. A cada transformação, Elisabeth se torna mais refém da sua própria busca pela perfeição, abrindo mão de partes de si mesma para manter o papel de Sue.

A Substância: O perturbador mergulho no horror de Hollywood que está dividindo críticos e chocando o público
‘A Substância’: O perturbador mergulho no horror de Hollywood que está dividindo críticos e chocando o público

Curiosidades e bastidores de produção

Coralie Fargeat, que também dirigiu o filme de vingança Revenge, trouxe para A Substância sua assinatura visual intensa e sensibilidade para cenas de impacto. Durante as filmagens, Fargeat utilizou efeitos práticos e uma estética nostálgica dos anos 80 para construir o visual perturbador do filme, enfatizando o contraste entre a aparência externa de Hollywood e o sofrimento interno dos personagens.

Demi Moore aceitou o papel desafiador após perceber a profundidade da crítica que Fargeat pretendia trazer à obra, especialmente em um papel que exige uma exposição e entrega físicas raras em filmes de Hollywood. Outra curiosidade é a escolha do personagem Harvey, o produtor inescrupuloso interpretado por Dennis Quaid, que atua como o arquétipo do executivo obcecado por juventude e aparência, representando o lado sombrio da indústria.

Crítica e recepção polarizada

Desde sua estreia, A Substância tem polarizado a opinião da crítica e do público. Enquanto alguns críticos elogiam a coragem de Moore e a criatividade de Fargeat em explorar o horror corporal de forma visualmente marcante, outros consideram que o filme é superficial em sua abordagem ao tema, colocando mais ênfase nas cenas de choque do que em um desenvolvimento profundo da narrativa. A estética saturada de Fargeat e suas escolhas estilísticas, que incluem ângulos próximos e efeitos visuais gráficos, adicionam um elemento de tensão, mas nem todos consideram que a profundidade psicológica acompanhou a intensidade visual.

Comparações e influências de estilo

Para os fãs de horror corporal, A Substância traz ecos do estilo grotesco de David Cronenberg, com influências de filmes como A Mosca e O Retrato de Dorian Gray. A abordagem de Fargeat também remete ao thriller psicológico Showgirls, ao expor a obsessão de Elisabeth pelo corpo jovem e perfeito. O resultado é uma mistura de terror psicológico e crítica social, onde o corpo humano se torna um palco de horror e autodestruição.

Impacto cultural e debate social

Além de entreter, A Substância levanta um debate relevante sobre a obsessão moderna com a aparência e o culto à juventude. Em uma era em que procedimentos estéticos são cada vez mais comuns, o filme destaca as pressões extremas impostas às mulheres. Elisabeth representa o medo de perder relevância social, revelando como essa insegurança alimenta o ciclo de autodepreciação e desejo por uma versão idealizada de si mesma. A obra toca na ansiedade geracional, mostrando que a busca por juventude não é apenas pessoal, mas impulsionada por uma sociedade que recompensa a aparência.

A Substância: O perturbador mergulho no horror de Hollywood que está dividindo críticos e chocando o público
‘A Substância’: O perturbador mergulho no horror de Hollywood que está dividindo críticos e chocando o público

Um mar de sangue: a cena que exigiu 36 mil galões de sangue falso

Um dos aspectos mais impressionantes de A Substância é o uso ousado de efeitos práticos, incluindo uma cena que utilizou impressionantes 36 mil galões de sangue falso. Coralie Fargeat, conhecida por seu estilo visceral desde Revenge (2017), optou por evitar CGI, acreditando que o uso de efeitos práticos tornaria a experiência mais real e chocante para o público. “O filme é sobre carne, sangue e ossos”, disse Fargeat em entrevista, ressaltando que essa decisão visava confrontar o público com a intensidade física e emocional da história. A produção dessa cena, que durou quase três semanas para ser filmada, exigiu uma logística complexa para fabricar e manusear tamanha quantidade de sangue cenográfico, tornando-se um marco de extremo impacto visual no cinema de horror contemporâneo​

A Substância: O perturbador mergulho no horror de Hollywood que está dividindo críticos e chocando o público
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Cena marcante e análise final

Uma das cenas mais impactantes do filme ocorre quando Elisabeth confronta seu reflexo no espelho, percebendo que sua busca incessante pela juventude a deixou mais desgastada do que nunca. A cena é uma metáfora do confronto com o “monstro” que ela se tornou, e representa o auge da tensão entre a autocrítica e o sacrifício da identidade. A escolha de Fargeat em expor a luta interna de Elisabeth através do horror corporal é um convite para o público refletir sobre o preço da perfeição.

Conclusão e chamada para reflexão

Em A Substância, Coralie Fargeat oferece uma visão crua sobre o culto à aparência e as armadilhas da busca por juventude eterna. Através do horror corporal e de atuações poderosas, o filme desafia o espectador a questionar os padrões que regem a beleza e a valorizar a essência além das aparências. Demi Moore e Margaret Qualley entregam performances inesquecíveis em um filme que, mesmo com uma recepção dividida, merece seu lugar na nova era do horror feminista.

Filipe Souza

Filipe Souza

Editor / Jornalista Responsável

MTB32471/RJ

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