Como eu não canso de dizer: foi nos anos 90 que explodiu a febre dos tributos. E na minha humilde opinião, já que todo o conteúdo do canal é baseado em minha humilde opinião, o tributo ao Judas Priest lançado pela Century Media em 1996 é o melhor dos tributos lançado nos anos 90.
Esse tributo é dividido em dois volumes. O primeiro volume com 12 músicas e logicamente 12 bandas, já o segundo com 13 músicas.
Você deve estar se perguntando: As músicas se repetem? Só uma música: The Ripper, que no primeiro volume é tocada pelo Mercyful Fate de forma magistral e no segundo volume pelo Iced Earth, onde bate uma vergonha alheia do caralho… E não chega nem aos pés da versão do Mercyful Fate.
Tem banda repetida? Mais ou menos: o Gamma Ray, que foi maroto, que cagou, ops…. emplacou no volume I a faixa Victim of Changes com o Kai Hansen cantando. E no volume II – o Gamma Ray toca Exciter, já com Ralf Scheepers no vocal.
Antes de falar propriamente dos discos, vale ressaltar que existe uma versão americana para esse primeiro volume do tributo, com uma leve alteração nas bandas e com a capa vermelha. E existe uma versão com a capa verde também, usando uma chamada “Delivery the Gods”.
Essa versão americana o cd tem a ordem das bandas parecida com a versão européia com o Helloween abrindo os trabalhos. Não vou me aprofundar nessa versão, só vou citar o que tem de diferente aqui.
A primeira alteração é a ordem das músicas. Constam neste tributo americano as bandas: Helloween, Testament, Fates Warning, Mercyful Fate, Strapping Young Lad com Devin Townsend, Doom Squad, Nevermore, Overkill, Kreator e Iced Earth.
Esse tributo Volume 1 não é o meu favorito, eu prefiro o volume 2. E nesse tributo quem salva é o Halloween e o Mercyful Fate. As outras versões são muito boas, mas o Halloween e o Mercyful Fate são fenomenais. Nesse primeiro volume temos doze bandas e consequentemente são 12 músicas do Judas Priest sendo executadas.
O cd abre com o Helloween em grande forma e executando magistralmente “The Hellion/Eletric Eye.”
É importante contextualizar o cenário da época, como as bandas estavam. Então para cada banda farei um resumo de como estava esse grupo no cenário até o ano de 1996.
E afirmo que o Helloween estava voando baixo, os alemães haviam acabado de lançar um dos melhores álbuns da fase Andi Deris: Time of the Oath e arrebentavam em suas tours.
Foi nesse ano de 1996 que o Helloween veio ao Brasil pela primeira vez para se apresentar no Philips Monsters of Rock ao lado do Iron Maiden, Motorhead, Mercyful Fate e King Diamond.
Estou falando de uma banda que estava fazendo muito barulho na época e que foi o carro chefe desse primeiro volume do tributo.
Os americanos do Fates Warning mandaram bem nessa releitura de Saints in Hell, mas soaram menos pesados do que a versão original. Ficou legal, mas ao mesmo tempo parece um café mal passado, sabe?
O Gamma Ray com o Kai Hansen fez uma versão bem chatinha para “Victim of Changes” talvez porque eu já ache essa música chata na versão do Judas Priest, então aqui também não ficou tão legal.
O impressionante disso é que o Gamma Ray era outra banda que estava voando baixo em meados dos anos 90. Em 1995, ou seja, um ano antes do tributo o Gamma Ray havia acabado de lançar um dos seus melhores trabalhos “Land of the Free” com o Kai Hansen assumindo os vocais e guitarra no lugar do Ralf Scheepers, que saiu do Gamma Ray para tentar a sorte no Judas Priest.
E o Gamma Ray já vinha de uma evolução absurda com três trabalhos fantásticos na voz do Ralf Scheepers: Insanity and Genius (1993), Sigh No More (1991) e Heading for Tomorrow (1990).
Então temos outro gigante do cenário neste tributo, porém com uma execução bem fraca.
Já o multi instrumentista e produtor canadense Devin Townsend fez uma releitura satisfatória para “Sinner”, ele mesmo canta na música além de tocar guitarra e teclado.
Para quem não conhece o cara, ele foi vocalista da banda VAI, um experimento do guitarrista Steve Vai que lançou em 1993 apenas um registro, o disco “Sex & Religion”.
Em 1995, Townsend lançou o primeiro disco da sua banda de Metal Industrial chamada Strapping Young Lad, pela Century Media. Ou seja, ele estava em alta também no cenário além de fazer parte do cast da gravadora que produziu o tributo.
Agora esse tributo voltou a ficar bom! O Mercyful Fate dispensa apresentação, não é mesmo? E aqui no tributo a banda do Rei Diamante nos presenteia com uma versão absurda para “The Ripper”, uma canção que por si só já casa muito bem com o estilo de cantar do King Diamond.
O Mercyful Fate seguia no ano de 1996 com a turnê do seu mais recente álbum “Into the Unknown”. E foi nesse ano, que a banda veio ao Brasil para tocar no Philips Monsters of Rock.
E mais um representante do metal alemão e que não é enfadonho, como diria o meu amigo Luis Gustavo.
O Rage se apresentou bem com “Jawbreaker”, mas sem nenhuma grande novidade.
Seguiu a cartilha do bom comportamento para se tocar Judas Priest e apenas cumpriu a missão.
O grupo chegou em 1996 após uma sequência de discos bons.
Sequência essa que começou em 1992 com “Trapped!” e foi perdendo fôlego até 1996 com o mediano “Lingua Mortis”.
Agora vem aquele momento em que você se pergunta: Quem são esses caras e o que vieram fazer aqui?
Não sei se você concorda comigo, mas em um tributo, a galera quer ouvir banda famosa. Se não é famoso, então é só uma banda desconhecida fazendo cover.
E assim aparece os ilustres desconhecidos americanos do Radakka para um cover acima da média com Night Crawler.
O Radakka é uma banda que mistura metal tradicional com hard rock, tem um bom vocalista e até o lançamento do tributo, o grupo tinha apenas um trabalho no currículo, o disco “Malice and Tranquility” lançado em 1995 pela Century Media, a mesma gravadora que organizou esse tributo.. E enfiaram ali no tributo o Raddaka: Vamos ver se essa banda pega?
A agora uma novidade interessante em se tratando de banda, mas não trouxe nada demais em relação a música escolhida.
Para executar a chatíssima “Burnin’ Up”, um grupo de improviso foi criado com ninguém menos do que John Bush no vocal, que na época estava no Anthrax e Whitfield Crane, que bombava na época como vocalista do Ugly Kid Joe. Nas guitarras o companheiro do John Bush no Anthrax, Scott Ian e o ex guitarrista do Accept, o alemão Jörg Fischer. E na bateria Gonzalo Sandoval, baterista do Armored Saint, que nos créditos do tributo está apenas como Gonzo.
Um time bacana e de respeito, porém ficou abaixo da média na execução e escolha da chatíssima “Burnin’ Up”.
Os suecos “água de chuchu” do Lions Share fizeram bonito com “A Touch Of Evil”, porém não trouxeram nada de novo. Mesmo porque o estilo da banda é semelhante ao de Dio e Judas Priest, em suas fases mais anos 80.
Apesar do grupo existir desde 1987, foi em 1994 que lançaram o primeiro disco e em 1996 o segundo álbum com o criativo nome “Two”.
Pensa numa grosseria! Rápido, selvagem e poderoso. Assim foi a performance do Testament em Rapid Fire. Mas é isso que nós queremos: banda famosa trazendo para o seu estilo o tributo. E os americanos conseguiram realizar a missão sem problema algum.
Em 1996 o Testament estava migrando da sua fase “Olha como somos parecidos com o Metallica” para um estágio muito mais pesado e com o Chuck Billy alternando o seu vocal tradicional com alguns guturais.
Em “Low”, álbum gravado dois anos antes do tributo, a banda demonstrou essa transição. E essa transformação talvez se desse porque o grupo já estava meio em baixa, somente dois membros da sua formação original ainda estavam na banda, o vocalista Chuck Billy e o guitarrista Eric Peterson.
UDO! O eterno ex-vocalista do Accept não tinha como fazer diferente e a sua voz, que já é bem peculiar, tornou muito legal um dos clássicos do Judas Priest. O baixinho alemão não trouxe nada de novo, manteve-se fiel ao seu estilo, mas adicionou um pouco mais de peso para essa música.
E o UDO estava meio sumido do cenário, o último disco de estúdio dele foi lançado em 1991 o mediano “Timebomb”. E parece que depois do tributo ele não parou mais de lançar bons discos.
E para fechar esse tributo os britânicos do Saxon com a animada You’ve Got Another Thing Comin’ bem ao estilo Saxão de fazer metal tradicional. Irretocável.
A banda adiciona mais peso e alguma velocidade, o vocal de Biff fez o restante! E posso até cometer um sacrilégio aqui, mas eu gosto muito mais dessa versão do Saxon do que a original do Judas Priest!
E o Saxon é mais uma banda que estava ali nos anos 90 fazendo discos bons até o ano de 1996. Os álbuns “Solid Ball Of Rock” (1991) e “Forever Free” (1993) são bons exemplos de uma banda que seguia ainda na mesma linha de metal tradicional com alguma coisa mais hard rock. Mas foi com “Dogs of War” de 1995 que eles dão uma encorpada na sonoridade da banda, acrescentando mais mais peso e agressividade.
Esse primeiro volume do Tributo ao Judas Priest é muito bom, mas ainda assim tem algumas bandas que fizeram covers ao invés de prestar realmente um tributo.
E outras figuraram por ali para que a Century Media conseguisse emplacar a banda.
Mas é Judas Priest não é mesmo? Impossível não cantar cada uma das músicas.
A/C: Filipe Souza
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