Eis aqui um belo motivo para você sair da mesmice e do lugar comum do mainstream do Doom Metal e mergulhar em uma das bandas mais miseráveis e romanticamente depressivas que o gênero abrigou embaixo de suas asas.
A angústia, depressão e tristeza, seja do amor, platônico ou não, da despedida, da frieza e do distanciamento do contato humano sempre fará do Doom Metal o acalento que a alma clama quando você jaz em seu leito de conformismo e palidez insensata de sentimentos.
Mas a insensatez não figura no dicionário desse grupo romeno, que em um curto período de tempo já possui uma das mais belas e criativas discografias do Doom Metal.
Senhores e senhoras, falaremos sobre o mais recente disco do Cloud, banda romena de Doom Metal que lançou em 2021: Despartire.
Esse é um disco que com toda a certeza passou despercebido do grande público, dos fãs de My Dying Bride, principalmente.
Despartire é um disco formado por camadas de sentimentos e culmina no puro vazio de emoções. O jogo de pianos, violinos e vocais guturais recortados por passagens de voz limpa lamentosa são os ingredientes perfeitos para a proposta que o título do álbum traz: Separação e rompimento, isso traduzido do romeno.
E o responsável por toda essa avalanche de sentimentos é o multi instrumentista Daniel Neagoe, que não se prende ao Doom Metal e nos leva a uma viagem sem volta, mas quem quer voltar, pelos gêneros mais miseráveis que foram expurgados do Death Metal, como o Atmospheric Doom Metal e o seu primo mais miserável ainda, o Funeral Doom.
Em um ambiente com tanta desgraça sentimental pairando em suas notas, esse disco chega a ser uma pintura de tão lindo que é a cada faixa.
O disco abre com “Deepen This Wound”, a melhor faixa desse trabalho e que é a síntese do que você encontrará de mais triste e amargurado em se tratando de sentimentos desesperadores.
Algumas participações especiais nesse disco trouxeram ainda mais pluralidade musical para o que já estava perfeito. Na segunda faixa do disco: “This Heart, A Coffin” conta com a participação do cantor inglês Mick Moss da banda Antimatter, projeto dele com o Duncan Patterson, ex-baixista do Anathema.
Já na quarta faixa “In Both Our Worlds The Pain Is Real” temos a onipotente participação de Aaron Stainthorpe, vocalista da lenda My Dying Bride, para abrilhantar a faixa. Uma canção que faz juz ao nome, já que traz toda a melancolia odiosa do My Dying Bride como uma bela referência ou até mesmo tributo à banda britânica.
Na faixa seguinte “The Door We Never Opened” o vocalista Mihu, da banda de Doom/Death Metal Abigail faz uma excelente participação. Essa faixa também ficou como uma das minhas favoritas do disco pelo excelente trabalho de flautas e atmosfera mística que os intermeios da canção trazem.
A languidez soturna de “A Place for All Your Tears” se evapora quando os vocais guturais de Daniel Neagoe urge de forma odiosa, cortando assim a contemplação sublime que é a tristeza em seu estado bruto de animosidade.
Essa foi mais uma das semi baladas de atmospheric doom metal presentes nesse trabalho.
E para fechar o disco em grande estilo a canção ”See the Sky with Blind Eyes” que como uma prece a deuses antigos e moribundos nos faz voar nas nuvens negras de uma passado pesado e mofado.
E nós brasileiros demos a sorte de ter esse disco lançado aqui pelas mãos competentes do selo Cold Art Industries que fez apenas 300 cópias desse jubileu da tristeza e amargor da nova safra do Doom Metal.
1. Deepen This Wound
2. This Heart, A Coffin (feat Mick Moss)
3. Your Name In My Flesh
4. In Both Our Worlds The Pain Is Real (feat Aaron Stainthorpe)
5. The Door We Never Opened (feat Mihu)
6. A Place For All Your Tears
7. See The Sky With Blind Eyes
8. Untitled – Bonus Track exclusiva para o Brasil
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