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Drácula: as fascinantes derivações em A Última Viagem de Demeter, Van Helsing e D. e o Procurador

Drácula: as fascinantes derivações em A Última Viagem de Demeter, Van Helsing e D. e o Procurador

Introdução ao Universo de Drácula

O romance “Drácula”, publicado em 1897 por Bram Stoker, é considerado um dos marcos da literatura de horror gótico. Nele, somos apresentados ao Conde Drácula, um vampiro que vive no castelo na Transilvânia e deseja expandir seu domínio sobre a Inglaterra. O livro, narrado em forma epistolar (através de cartas, diários e telegramas), se destaca pela tensão crescente e pela atmosfera sombria e misteriosa.

Antes de Stoker, o conceito de vampiro já estava presente na literatura e no folclore europeu, mas foi com Drácula que o vampiro assumiu a forma que hoje conhecemos: imortal, sedutor, aristocrático e cruel. Drácula redefiniu a maneira como o vampiro seria visto na cultura popular, influenciando obras subsequentes em diversos gêneros e mídias, desde o teatro e cinema até quadrinhos e séries de TV.

Curiosidade:

  • A inspiração para Drácula pode ter vindo de Vlad III, conhecido como Vlad, o Empalador, um governante da Valáquia, famoso por sua crueldade. Embora Stoker nunca tenha confirmado a conexão, muitos estudiosos acreditam que o personagem Drácula tenha sido inspirado nesse histórico líder.
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A Última Viagem de Demeter

O filme “A Última Viagem de Demeter” (2023) é baseado em um dos capítulos mais enigmáticos de “Drácula”, o capítulo que descreve a viagem do navio Demeter, que transporta o Conde da Transilvânia até Whitby, na Inglaterra. A tripulação do navio desaparece misteriosamente durante a travessia, e o navio chega à costa inglesa vazio, exceto pelo corpo sem vida do capitão.

Conexão com o livro “Drácula”:

No livro, esse episódio é apresentado de maneira fragmentada, através de entradas de diário e notícias de jornal, criando uma atmosfera de mistério e terror ao longo do caminho. O filme, por sua vez, expande essa narrativa, trazendo à tona o horror psicológico e físico vivenciado pela tripulação, que enfrenta uma ameaça invisível até ser tarde demais.

Análise do filme:

O filme é uma excelente adição ao universo de “Drácula”, pois transforma uma breve passagem do livro em um conto completo de horror marítimo. Ele explora os elementos de isolamento e desespero de uma tripulação que, sem saber, carrega a própria condenação. Visualmente, o filme aproveita o cenário sombrio do navio, cercado pela vastidão do mar, para intensificar o medo do desconhecido.

Curiosidade:

  • No romance de Stoker, a única testemunha dos acontecimentos no navio é o capitão, que amarra seu diário ao timão antes de morrer. Essa decisão ajuda a aumentar a sensação de tragédia e solidão, que o filme capta de maneira visceral.
Drácula: as fascinantes derivações em A Última Viagem de Demeter, Van Helsing e D. e o Procurador

D. e O Procurador de Fauno Mendonça

O autor brasileiro Fauno Mendonça traz uma abordagem única e introspectiva ao mito de Drácula em seu livro “D. e O Procurador”, explorando aspectos humanos e psicológicos do personagem vampírico, que geralmente são deixados em segundo plano. Nesta narrativa, Mendonça revela uma faceta inédita do famoso vampiro, focando em sua busca por felicidade, amor e paz, antes dos eventos que envolvem Jonathan Harker no clássico de Bram Stoker.

Uma nova visão brasileira: o lado humano de Drácula

Ao contrário de muitas adaptações que se concentram na monstruosidade de Drácula, Fauno Mendonça constrói um Drácula mais humano, guiado por sentimentos comuns, como amor e desejo de felicidade. Segundo Mendonça, “o amor é a força propulsora da vida”, e é justamente essa motivação que dá mais complexidade ao Conde em “D. e O Procurador”. Drácula, nessa obra, não é apenas um predador imortal, mas um ser com emoções profundas, que busca paz interior e faz sacrifícios em nome do amor. Isso o aproxima mais dos dilemas humanos, gerando uma conexão emocional com o leitor.

Relação com Drácula: amor e imortalidade

No romance de Stoker, Drácula é uma figura trágica e dominadora, mas em “D. e O Procurador”, ele é retratado de maneira mais introspectiva. Aqui, Mendonça explora não apenas o lado sombrio e sedutor do Conde, mas também suas contradições internas. Drácula se encontra preso em uma condição de imortalidade, e embora tenha perdido o “frescor da vida”, ele não abandona a esperança de amar e ser amado. Sua imortalidade, então, não é só um fardo físico, mas uma maldição emocional, que o força a enfrentar seus próprios demônios enquanto vive na escuridão.

O cenário vitoriano e os dilemas culturais

Fauno Mendonça mergulha profundamente na cultura e nas tensões políticas e sociais da era vitoriana, refletindo o contexto complexo da Europa no final do século XIX. O autor descreve as influências culturais da Transilvânia e da Inglaterra, locais fundamentais para o desenvolvimento de Drácula, ao mesmo tempo em que explora os conflitos internos do vampiro. Assim, além de abordar a figura mítica de Drácula, o livro também oferece uma perspectiva rica sobre as contradições históricas e culturais da época.

Connor Burke: o peso do procurador

Além de Drácula, outro personagem fundamental na narrativa é Connor Burke, o procurador. Mendonça cria uma dinâmica interessante entre Burke e o Conde, permitindo que os dois personagens, de origens distintas, colidam e compartilhem suas ambições e dilemas. O autor, no entanto, dá ao leitor a escolha de decidir qual dos dois personagens será mais relevante ao longo da narrativa, permitindo uma interpretação pessoal da trama.

Curiosidade:

  • Mendonça revela, em sua entrevista, que parte de sua motivação para escrever sobre Drácula foi explorar os dilemas emocionais e psicológicos que o mito do vampiro encarna. Ele também conecta o vampirismo à ideia de dependência, sugerindo que as relações de poder de Drácula refletem uma forma mais obscura de controle emocional sobre suas vítimas, trazendo um paralelo com a psicologia moderna.

As noivas do Dracula (1960)

“As noivas do Dracula”, filme da Hammer Films, expandiu o universo de Drácula ao focar nas “noivas” do Conde, personagens que aparecem brevemente no romance original. Elas são descritas como belas e sedutoras, mas mortais, eternamente ligadas ao vampiro.

Conexão com o mito de Drácula:

No romance de Stoker, as noivas aparecem como serviçais de Drácula, presas à sua vontade. O filme de 1960 explora a ideia dessas mulheres amaldiçoadas, dando-lhes um papel mais central e uma história própria. O filme apresenta Baron Meinster, um vampiro criado pelas noivas de Drácula, sugerindo que o legado do Conde continua através dessas personagens.

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Influência no filme de Coppola:

Em “Drácula de Bram Stoker” (1992), Francis Ford Coppola também usa as noivas de Drácula de maneira marcante, fazendo delas símbolos de sensualidade e decadência. A maneira como Coppola filma as noivas, com uma mistura de erotismo e terror, provavelmente foi influenciada pela abordagem da Hammer Films. O uso das noivas como uma extensão do poder e da corrupção de Drácula reforça sua dominação sobre os mortais e sua capacidade de seduzir e destruir.

Análise do filme:

O filme de 1960 é um exemplo clássico do estilo visual da Hammer Films, que se destacou por trazer cor e sensualidade ao horror gótico. “The Brides of Dracula” se afasta da figura central de Drácula, mas continua a explorar sua influência, criando uma atmosfera de mistério e sedução que seria utilizada em muitas adaptações futuras.

Curiosidade:

  • Embora Drácula não apareça no filme, sua presença é sentida através das noivas e de seu legado. Isso reflete a ideia de que o mito de Drácula transcende sua presença física, espalhando-se por meio daqueles que ele transformou.

Os Filmes de Van Helsing

O personagem Abraham Van Helsing, o caçador de vampiros, surgiu no romance de Stoker como o arquirrival de Drácula. Desde então, ele se tornou uma figura icônica nas histórias de vampiros, ganhando suas próprias adaptações e interpretações.

Van Helsing como personagem derivado:

Na obra original, Van Helsing é o símbolo da razão e da ciência enfrentando o sobrenatural. Sua luta contra Drácula é uma batalha entre o conhecimento e a superstição, e ele se tornou um modelo para caçadores de monstros na cultura popular. Nos filmes, ele frequentemente é reimaginado como um herói de ação, lutando contra uma variedade de criaturas além dos vampiros.

Como os filmes reinterpretam a caçada ao Drácula:

Os filmes de Van Helsing, particularmente “Van Helsing” (2004) com Hugh Jackman, reinventam o personagem como um herói de ação, lutando não só contra Drácula, mas também contra lobisomens, Frankenstein e outras criaturas góticas. Isso marca uma ruptura estilística com o tom sombrio e gótico do livro original, oferecendo uma mistura de aventura e terror.

A fusão de gêneros:

Enquanto o romance de Stoker é uma obra gótica carregada de suspense, os filmes de Van Helsing são cheios de ação, combinando terror com elementos de fantasia e aventura. Essa fusão de gêneros reflete a evolução das histórias derivadas de Drácula, que continuam a se adaptar e se transformar de acordo com as demandas do público.

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Curiosidade:

  • Van Helsing se tornou tão popular que acabou se tornando sinônimo de “caçador de vampiros”, e versões do personagem aparecem em diversos filmes e séries, sempre como o principal oponente do vampirismo.

Conclusão: O Legado Duradouro de Drácula

O legado de “Drácula” de Bram Stoker é inegável. O Conde Drácula se tornou um ícone cultural, um símbolo atemporal do terror, sedução e poder absoluto. A obra original continua a gerar novas histórias, sejam elas adaptações diretas, como os filmes de Coppola e da Hammer Films, ou reinterpretações criativas, como “A Última Viagem de Demeter” e “D. O Procurador”.

Reflexão sobre o futuro:

O mito de Drácula segue sendo revisitado e reinventado para se ajustar às sensibilidades e demandas de cada época. As questões de poder, imortalidade e a luta entre a razão e o sobrenatural são temas que continuam a ressoar no público.

Filipe Souza

Filipe Souza

Editor / Jornalista Responsável

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