Acredito que seja indispensável dizer a importância da dupla Justin Broadrick e Ben Green para o que ficou conhecido como Metal Industrial.
Ambos se tornaram uma lenda e ditaram os moldes de um dos gêneros mais esquizofrênicos e pessimistas do Metal.
O Godflesh é citado como influência para ícones do Metal Industrial e Hardcore como Fear Factory, Korn, Prong, Helmet entre muitos outros. Além de ter caído nas graças de Kirk Hammett nos anos 90.
O inglês Justin Broadrick, guitarrista e vocalista do Godflesh é uma figura importantíssima do underground britânico, o cara é responsável pelo pioneirismo de outra vertente do Metal Extremo: o Grindcore ao gravar o lado A do Scum, primeiro disco do Napalm Death lançado em 1987.
Justin Broadrick é um workaholic tão bem conceituado no cenário que já recebeu diversos convites para ser guitarrista de bandas como Danzig e Faith No More.
Com essa trajetória invejável e doze discos no currículo, a dupla retorna ao cenário com “Purge” seis anos depois de Post Self, seu último trabalho lançado em 2017.
Em uma entrevista de 2014 para o site Revolver, Justin deixou claro que só voltaria ao cenário com o Godflesh se pudesse trazer à banda para as suas raízes, já que percebeu que o mundo está envolto em caos, desespero e miséria. E parece que esse é o ingrediente perfeito para todo o desconforto sombrio e primitivo que o Godflesh proporciona.
E nada mais propício para um momento pós pandemia do que um disco do Godflesh. E “Purge” é um trabalho composto por sete músicas que refletem muito bem o puro suco do desespero em que a humanidade sempre esteve mergulhada.
Desde a faixa de abertura do disco com “Nero” até a conclusão dessa misantropia niilista e repulsiva com “You are the judge, the jury and the executioner”, o Godflesh nos leva a navegar por oceanos deprimentes, conflituosos e sufocantes.
Em alguns momentos a guitarra lamuriosa de Justin nos hipnotiza como em “Lazarus Leper” ao deixar a sensação ainda mais desconfortante com a bateria eletrônica quebrando o estado catatônico inicial.
O baixo de Ben Green é presença marcante e agoniante a cada passagem, a cada nota pulsante e inquietante desse trabalho.
Musicalmente a dupla continua investindo nos componentes primordiais que fizeram do Godflesh um ícone do estilo quando tomam de assalto elementos do Pòs Punk, EBM e eletrônico.
Esse é um trabalho que consegue ser minimalista, envolvente e perturbador ao mesmo tempo.
Realmente Justin cumpriu com o prometido a ele mesmo lá em 2014 e continuou fiel às raízes do Godflesh a cada trabalho.
A/C: Filipe Souza
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