Eis o último disco da fase anos 80 do Kreator, onde a banda abandona de vez o estilo Thrash / Death mais primitivo e começa a flertar com um Thrash Metal técnico, melódico e ainda mais furioso.
O quarto disco do Kreator é sem sombra de dúvidas o meu favorito da banda. Foi pelo clipe de Betrayer que conheci o grupo por volta de 1994. Todas as faixas desse disco são perfeitas e nota-se que não há músicas do tipo “enche linguiça”.
Uma banda totalmente nova se desenhava no horizonte com “Extreme Aggression”, a começar pela produção certeira de Randy Burns, que naquele momento ostentava seu nome como uma estrela das produções de Thrash Metal, quando assinou o multiplatinado “Peace Sells, But Who’s Buying” do Megadeth em 1986. Desse ponto em diante, o cara foi o ponto chave de clássicos do Metal como: Death (Scream Bloody Gore – 1987), Nuclear Assault (Game Over/1987 e Handle With Care/1989), além de Suicidal Tendencies, Dark Angel e Possessed. Sem sombra de dúvidas foi Burns o responsável por dar essa cara moderna e americanizada ao som do Kreator e resgatar a banda o eterno underground alemão que os seus contemporâneos Sodom e Destruction continuariam afundados. O Sodom nem tanto, já que em 1989 lançava o clássico Agent Orange, enquanto o Destruction implodiu com a saída do Schimer após o lançamento do Live Without Sense.
E nem adianta torcer o nariz para o que eu acabei de dizer, visto que o Extreme Aggression foi inicialmente gravado na Alemanha, mas o resultado frustrou o vocalista Mille Petrozza, que se desfez não só do material, mas também do guitarrista da banda na época, o Jörg “Tritze”, que foi substituído pelo fenomenal ex Sodom: Frank Gosdzik. Mesmo que o nome de Jörg conste nos créditos do disco, suas partes foram refeitas.
Após a turnê bem sucedida pelos Estados Unidos ao lado do DRI em 1988, e da parceria estratégica entre a NOISE e a americana EPIC, Mille viu uma oportunidade única para sua banda: crescer ou se atolar no underground alemão.
E para crescer o Kreator abandonou o estilo sombrio que misturava Thrash Metal com Death metal e letras baseadas em filme de terror, para um Thrash Metal mais adulto com letras mais metafóricas onde a misantropia e o ódio ao sistema fizeram de Extreme Aggression um divisor de águas na carreira da banda.
As letras do Kreator, especialmente no álbum “Extreme Aggression”, abordam temas sombrios e críticos, refletindo uma visão misantropa e anti-sistema. Essas letras mergulham em questões de violência extrema, desilusão social, e uma profunda desconfiança nas instituições e na humanidade em geral.
Por exemplo, em “Extreme Aggression”, a banda expressa uma agressividade crua, retratando uma mente perturbada pela violência e pela insensibilidade social. A música “No Reason to Exist” destaca a conformidade forçada e a falta de individualidade, sugerindo um sistema que molda e manipula as pessoas desde o nascimento.
Outras faixas como “Love Us or Hate Us” e “Betrayer” destacam uma rejeição ao conformismo e uma forte desconfiança nas relações humanas. O Kreator também explora a destruição ambiental e a ganância em “Some Pain Will Last”, sugerindo que as ações humanas têm consequências duradouras e devastadoras.
Em suma, o Kreator usa sua música para expressar um descontentamento profundo com o estado do mundo, questionando as estruturas de poder e a integridade moral da sociedade. Suas letras são um reflexo da raiva e da frustração sentidas diante de um mundo percebido como injusto, desumano e corrompido.
O clipe de Betrayer foi gravado na Acrópole de Atenas e foi exibido à exaustão pela MTV americana e pelo Furia MTV no Brasil, nos anos 90.
A capa original do álbum “Extreme Aggression” apresentava uma arte muito mais agressiva: um homem em frente a um espelho de banheiro, observando o reflexo de seu rosto se desintegrando, expondo o demônio mascote do Kreator por baixo. Essa imagem era uma representação visual poderosa da temática do álbum, aludindo à ideia de desmascarar a verdadeira natureza interna. Mas essa capa foi rapidamente substituída devido a preocupações, possivelmente relacionadas a questões de censura.
A nova arte, apresentou uma imagem mais direta da banda, refletindo uma tendência na época de evitar capas de álbuns controversas. A decisão de substituir a arte original do álbum pode ser vista como um movimento estratégico para alcançar uma audiência mais ampla, evitando potenciais controvérsias que poderiam limitar sua acessibilidade e aceitação.
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