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Paradise Lost – Draconian Times

Retro.Review: Paradise Lost - Draconian Times

Quando eu comentei aqui no Retro.Rreview sobre o disco Nexus Polaris do Covenant, brinquei que era um álbum que deveria estar no Louvre, devido a grandeza desse trabalho e elevei o disco ao status de obra de arte.
Com o Draconian Times meu nível de exagero vai além: Esse disco deveria figurar no panteão das 7 maravilhas da Terra, bem ao lado das pirâmides do Egito, por exemplo!

Usarei superlativos aqui sem o menor pudor. Esse é um disco que exprime sensações de agonia, tristeza, animosidade, mas ao mesmo tempo é tão lindo, que chega a ser celestial.

Você acha que é exagero? Então vem comigo!

Esse é o disco novo do Metallica?

Existiu na época uma pegadinha que fiz com alguns amigos usando o Draconian Times. Enquanto o Metallica estava em uma de chove e não molha sobre o disco novo, e nós aqui em Resende no interior do Rio de Janeiro e em 1995 sem internet, só especulávamos como seria o disco novo da banda.

Fui até a casa de um amigo, que sempre tinha novidades e ele botou pra rolar um cd me trollando que era o novo do Metallica. Na época eu não curtia Metallica, mas fiquei maluco na sonoridade do disco e cai direitinho!

Depois ele disse que era o Draconian Times, disco novo do Paradise Lost. É lógico que eu repeti essa zueira com diversos outros amigos, e todos caíram direitinho!

Mutilando-se para crescer

Muita gente especulava sobre a mudança drástica na sonoridade do Paradise Lost em Draconian times, desde o instrumental até a voz de Nick Holmes.


A própria banda assume que o disco Draconian Times foi uma evolução natural de Icon, seu antecessor lançado em 1993.

Admito que conhecia pouco a banda e o disco anterior, não tinha me surpreendido muito.

Não dei a devida atenção ao grupo, atualmente também considero Icon outro ponto alto na carreira do Paradise Lost.

O Paradise Lost mal havia concluído a tour de Icon e já havia se comprometido a retornar ao estúdio para gravar um novo disco. No momento a banda estava sem baterista, já que Matthew Archer foi desligado da banda.

Foi uma cicatriz difícil de curar para os membros do Paradise Lost, já que Archer era amigo dos tempos de escola da banda, mas que infelizmente não estava acompanhando o crescimento técnico do grupo.

Durante a tour do Icon, Archer errava constantemente suas passagens de bateria nos shows.

A entrada do baterista Lee Morris (ex-Marshall Law), com um perfil mais técnico e com influências de fusion e progressivo trouxe ao som do Paradise Lost mais complexidade. Também foi de Lee Morris a sugestão para que a banda gravasse com o metrônomo.

Descolando-se do Doom Metal

Com músicas mais rápidas e curtas, onde somente duas canções estão acima dos cinco minutos, o Paradise Lost que até então era uma banda de Doom Metal, tornou a sua música mais acessível e direta. Melodias mais arrastadas e longas, deram lugar à melancolia e tristeza, mas em essência, muitos dos elementos que fizeram a banda chegar até aqui ainda estão presentes.

Vejo o Paradise Lost em 1995 em uma transição entre a escola clássica do Doom Metal e a nova geração do Gothic Metal, que se popularizou no final dos anos 90 com Nightwish, Tristania, Lacuna Coil, por exemplo.

Para os líderes da banda, como o vocalista Nick Holmes e o guitarrista Gregor Mackintosh, “Draconian Times” nada mais é do que uma evolução natural do Icon na carreira da banda, ou seja, uma versão melhor produzida.

Tempos Draconianos

Tempos Draconianos

Vamos começar a esmiuçar Draconian Times logo pelo seu título, que traduzindo significa: Tempos Draconianos, até aí nada de novo, mas o que significa Draconiano?

Draconiano é um sinônimo para uma situação difícil, severa, ou seja, traduzindo o título ficaria Tempos Difíceis.

O termo Draconiano vem do nome de um aristocrata grego chamado Dráco, que recebeu em 621 a.C poderes extraordinários para pôr fim ao conflito social ocorrido por um golpe de Estado na época.
Draco elaborou um rígido código de leis para os atenienses. A austeridade deste código fez com o que o adjetivo “draconiano”, que vem do francês draconien chegasse nos tempos atuais como um sinônimo para algo desumano, excessivamente rígido ou drástico.

As leis draconianas têm um papel importante na história do Direito. Uma das características das leis draconianas. Deve-se a Drácon o começo de um importante princípio do Direito Penal: a diferença entre o homicídio involuntário, voluntário e legítima defesa. No código de Drácon, a punição para qualquer forma de roubo era a morte. Tanto o furto como o assassinato recebiam a mesma punição: a morte.

Tendo todo esse contexto em mente, compreender o significado do título Draconian Times, nos faz entender toda a lírica por trás do disco. Se você não conseguir decifrar esse título, com certeza ficará perdido com as letras envolvidas em miséria, sofrimento e descarte da vida.

Poesias dignas da literatura britânica

Muitas passagens líricas de Draconian Times são dignas da mais profunda literatura britânica. As letras do disco foram escritas pelo vocalista Nick Holmes, que não poupou suas veias dramáticas e inspirações literárias.

A 9ª Sinfonia do Metal Gótico

Não pouparei nenhum superlativo e vou exagerar o quanto puder para descrever cada canção deste disco. Draconian Times é o Stephen King do Metal. É uma obra de arte que aliado a um instrumental impecável, tem letras profundas e meticulosamente desgracentas para mentes e para quem esteja com uma auto estima mais baixa. É um trabalho único não só na carreira da banda, mas para todo um gênero musical.

Draconian Times é o quinto disco de estúdio do Paradise Lost. É composto por 12 verdadeiros hinos, e dividirei aqui em 3 partes com 4 canções.

Enchantment - Uma das aberturas mais lindas do Metal

Acho difícil listar as aberturas de discos mais emblemáticas do metal, mas posso afirmar que sem sombra de dúvidas “Enchantment” está entre as 10 primeiras canções.
O início com seu piano lamentoso e ao mesmo tempo majestoso já dá o tom do disco. Com um ar cinematográfico, a música foi sem sombra de dúvida a escolha perfeita para abrir esse trabalho.
A letra ambígua sobre vida e morte, positividade e negatividade deixa em seu o último verso todo o peso que essa negatividade tem, que fica latente em seu estado mais bruto:


“Torcendo a faca em vão
Acabar com a dor, mas quem vai ganhar, mas eu…
Tudo que eu preciso é uma simples desculpa…”

 

O uso de um coral foi fantástico para dar a pompa sinfônica que a canção pedia e assim que entra a voz de Nick Holmes com uma potência e timbre muito superior ao que foi feito no disco anterior, de imediato prende o ouvinte.
O que Nick Holmes diz sobre essa música:


“Para a gravação de “Enchantment” contratamos um coro da cidade local. Eu me lembro que eles definitivamente NÃO ficaram felizes com a sugestão de chamá-los de Guildford Dead Boys Choir (Coral de Garotos Mortos de Guildford), mas nós os chamamos assim mesmo.”


A canção termina de forma sinfônica e deixa o ouvinte perplexo e na dúvida se é possível vir algo superior ao que acabamos de ouvir.
A resposta é simples: – SIM!

Com guitarras chorando seus riffs, a segunda faixa é o alento ainda maior para almas em desespero e entregues à inércia do conformismo. A canção “Hallowed Land” foi considerada umas das 100 melhores músicas da década de 90 pela revista Metal Hammer.
O guitarrista Gregor Mackintosh considera “Hallowed Land” uma das melhores músicas da banda.


Na sequência temos o primeiro single do Draconian Times. A canção “The Last Time”, que é tida por muitos fãs, até aquele momento como o ponto mais comercial do grupo, mas sua letra inconveniente, me faz refletir que fora o instrumental rápido e o refrão, The Last Time é um tema desconfortável e funesto, e não tem nada de comercial.


The Last Time teve clipe e trouxe uma legião de fãs de outras vertentes do metal para a base do Paradise Lost.

Eu entendo as regras, mas não entendo desculpas

I understand the procedure. I understand war. I understand the rules, regulations. I don’t understand sorry.

“Eu entendo o procedimento. Eu entendo a guerra. , eu não entendo desculpas…”
Charles Manson The Man Who Killed the 60’s

https://youtu.be/sl5Deh0uA-k?t=2700

Inspirados por uma cena final do documentário “O homem que matou os anos 60” sobre os assassinatos e o comportamento do lunático Charles Manson, o vocalista Nick Holmes e o guitarrista Greg Mackintosh decidiram usar esse monólogo de Manson para ilustrar a música “Forever Failure”.

Só que essa ideia genial da dupla não ficou barato para a banda, o Paradise Lost teve que ceder os royalties da canção para as famílias das vítimas de Charles Manson.
De acordo com uma entrevista que Gregor deu ao site Louder Sound, o empresário da banda na época não ficou nada feliz com a ideia de Nick Holmes em usar os trechos desse documentário e com a repercussão futura dessa atitude.
Mesmo cercada por essa escabrosidade, Forever Failure é uma balada gótica e arrastada bem ao estilo Paradise Lost, com Nick Holme sendo mais áspero no início da canção e melódico no decorrer.

E a canção fecha com mais um trecho do monólogo de Mason:


“Eu realmente não sei o que significa desculpa, eu sinto muito por toda a minha vida
Sinto muito por ter nascido, foi o que minha mãe me disse
Eu realmente não sei o que significa desculpa
Eu tenho sentido muito por toda a minha vida
Eu realmente não sei o que significa desculpa”


Como single, Forever Failure fez juz ao nome e foi um desastre comercial, bem diferente de The Last Time, que vendeu horrores. O guitarrista Greg disse em entrevista que adora o clipe, que foi inspirado na Lista de Schindler.
E fechamos essa primeira parte do disco, com as quatro primeiras músicas que farão você chorar de emoção ao ouvir.
Na segunda parte do disco o Paradise Lost mete o pé no acelerador e desce o martelo do peso com “Once Solemn”, uma canção cheia de peso que desnorteia o ouvinte, que até então ainda estava entregue a tristeza e ao pesar com as faixas anteriores.
Considero “Once Solemn” uma canção para despertar defunto, chacoalhar você desse transe que a primeira parte do disco causou. Continuando com peso e levada melódica, “Shadow Kings” traz aquele ar fúnebre, que o Paradise Lost consegue imprimir em suas canções.


E fechando a segunda parte do disco, duas canções que conversam entre si melodicamente falando: “Elusive Cure” e “Yearn for Change” trazem a melancolia para tomar conta do ouvinte.


Vale frisar como curiosidade que “Yearn for Change” foi a última música escrita para o disco. Essa música foi resultado de uma jam entre o baterista Morris, o guitarrista Aaron Aedy e o baixista Stephen. O título da música foi inspirado em uma comédia britânica, onde em capítulo específico, um dos personagens dizia: – Você nunca desejou mudanças? E esse papo de mudanças tornou-se uma piada interna entre a banda, que culminou na música “Yearn for Change”, que traduzindo ficaria: Desejo por mudança.
Ambas são curtas, confusas e obscuras, são canções bem góticas, que trazem uma nuance de semi-balada que o Paradise Lost soube muito bem interpretar e investir com sabedoria em Draconian Times. .


A terceira parte fecha o disco muito bem. A começar com “Shades of God”, que não tem ligação com o disco lançado em 1992. Seus riffs de guitarra iniciais abrem caminho para a lamúria de Holmes “O fogo se foi, é hora de procurar e depois substituir. Eu nunca saberei como os cegos podem liderar o caminho”.


Em uma fusão de peso, passagens de bateria fenomenais e muita emoção na voz de Holmes, “Hands of Reason” não deixa a qualidade do disco cair, assim como a sua sucessora “I See your Face”.
E pra fechar essa obra prima “Jaded” recheada das palavras amargas de Holmes e atravessada pelas guitarras lamuriosas de Greg e Aaron.

Holly Warburton

Uma obra de arte também visual

As capas dos discos do Paradise Lost já eram bem criativas e muito bonitas, mas a banda exagerou no bom gosto com o Draconian Times.

Tanto a capa do álbum quanto o layout foram um trabalho em conjunto entre a artista visual britânica Holly Warburton e a Stylorounge.


Warburton é uma artista que se especializou em imagens em camadas. Ela emprega elementos que vão desde fitas, filmes e vidros pintados até projeções de tela. Ela foi a responsável pela capa do disco.
Para produzir a capa, Nick Holmes forneceu para a artista as letras do disco e a ideia do conceito de “velhos tempos” e deixou o restante na mão da artista.


E o resultado disso todos nós já conhecemos é esse lindo trabalho , onde Warburton usou uma combinação de natureza morta e projeção na fotografia.


No instagram da artista, ela explica o processo de criação e como a banda conheceu o trabalho dela:


“Fui contratada para fazer a arte da capa do álbum Draconian Times em 1995 para a banda Paradise Lost. O álbum foi relançado em dezembro de 2020 para comemorar o 25º aniversário. Eu conheci a banda na mansão Great Linford, onde eles estavam gravando o álbum. A banda gostou da arte que eu tinha feito anteriormente da princesa Júlia em azul e eles queriam que eu criasse imagens com uma sensação semelhante. Eles me contrataram para criar 2 imagens para a capa e contracapa do álbum, além de imagens relacionadas às músicas para um encarte do CD e também retratos da banda. Eu gostei de criar a arte do álbum ~ a banda me deu liberdade para interpretar a música e as letras. Toda a arte foi criada em minha câmara escura com projetores suspensos no teto, projetando imagens através de vidro em uma tela pintada. Fiz muitos rolos de filme para obter os efeitos que procurava. O trabalho levou cerca de um mês para ser concluído.
Em 2011 a Sony me contratou para desenhar as páginas de um livro que acompanharia a reedição do álbum, assim como o estojo do CD. Incorporei obras de arte que já havia criado para o Draconian Times que não haviam sido impressas antes. Também criei novas pinturas e texturas e naturezas mortas para os layouts do livro.”


Instagram da artista: https://www.instagram.com/hollywarburton_official/

Paradise Lost tendo o mundo aos seus pés, inclusive o Brasil

Achou exagero? Não estou aqui para medir palavras, os números falam por sí. Os britânicos estiveram presentes nos maiores festivais do mundo durante a tour do Draconian Times e até o final da década de 90.


Lembro-me de uma resenha do Monster of Rock inglês de Castle Donington em 1995, que li na Rock Brigade e o jornalista relatou a decepção do público com o cast do festival daquele ano. E um dos entrevistados deixou claro o quanto os fãs brasileiros foram sortudos por ter Ozzy e o Paradise Lost em seu festival.


E foi isso mesmo, em 1995 o Paradise Lost aportavam em terras tupiniquins para uma apresentação grandiosa no Philips Monster of Rock em São Paulo ao lado de nomes como Alice Cooper, Megadeth e Ozzy Osbourne, todos em grandes momentos de suas carreiras.


Mas em 1996 o Paradise Lost estava presente no cast do Donington Monsters of Rock ao lado de Ozzy, KISS, Biohazard e Fear Factory.


O baterista Lee Morris fala sobre esse momento na biografia da banda No Celebration:


“- Esse foi provavelmente o único show para mim que sempre se destacará. Esse foi o ponto alto da minha carreira. Como um cara inglês, aquele era o grande festival. O bom festival a que você costumava ir para ver todas as suas bandas favoritas tocando naquele grande palco. Acho que foi a primeira vez que pensei: Finalmente fiz isso, finalmente consegui ”

– No Celebration: Biografia Oficial do Paradise Lost, Editora Estética Torta, capítulo 6, página 186.


A banda ainda tocou em festivais como o Dynamo Open Air, Bizarre Festival, Rockpalast, Graspop entre outros.

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A banda se surpreendeu quando a imprensa inglesa demonstrou um interesse absurdo pelo Paradise Lost. Não é para menos, o grupo conseguiu um feito enorme quando saiu da bolha do Doom Metal, musicalmente falando.

Versões comemorativas

Em 1995 Draconian Times saiu no Brasil e no Japão com três bônus: Walk Away, um cover do Sisters of Mercy; Laid to Waste e Master of Misrule.
Já algumas versões americanas vieram com How Soon is Now, cover do The Smiths e Fear.


Em 2011 para comemorar os 15 anos do Draconian Times, saiu uma versão comemorativa de luxo com o Draconian Times remasterizado e como bônus as demos de 1994 das canções: Enchantment e a inédita “Last Desire”. Além dessas duas versões demo, temos mais cinco faixas gravadas ao vivo em 1995: Forever Failure, Shadow Kings, Once Solemn, Hallowed Land e The Last Time.


Essa versão acompanha um DVD com as músicas do disco em áudio 5.1, os clipes para Forever Failure e The Last Time e Hallowed Land ao vivo em um festival.


O formato de luxo e o livreto são uma obra de arte à parte, o que já é de se esperar em se tratando de Paradise Lost. São cerca de 20 páginas com as letras das músicas, comentários dos membros da banda e rascunhos das letras compondo a arte do encarte.
E as comemorações não pararam por aí, a banda soltou também um Box com DVD com duplo e um CD com um show realizado em 2011 onde o Paradise Lost tocou o Draconian Times na íntegra. um material altamente luxuoso cheio de bônus: entrevistas, documentários, fotos, muita coisa mesmo.


E para comemorar os 25 anos de Draconian Times foram relançados em CD e vinil o disco remasterizado e com bônus.


As versões em vinil vieram coloridas e com músicas remasterizadas. Já as versões em CD também vieram remasterizadas e com bônus. Entre os bônus estão: Shadowking, Sweetness, Once Solemn, Yearn for Change, todas ao vivo em sessões da BBC. Temos versões demo para: The Last Time, Forever Failure, Shadowkings, I See Your Face, Hallowed Land, Hand of Reason, Last Desire e Masters of Misrule. E o cover de Walk Away do Sisters of Mercy, que saiu na versão nacional do cd.

Conclusão

Draconian Time é o zênite do Paradise Lost. Não tem nada que a banda fez para superá-lo depois e nem antes dele. É a consagração de um todo um gênero musical resumido em doze modernas e absolutamente fantásticas faixas.


Os tempos difíceis do título dessa obra estão registrados em cada palavra amarga de sofrimento, solidão e penúria escrita e cantada por Holmes.
Cada nota musical tocada e composta pelos músicos da banda ainda ecoam em minha mente e será para toda uma eternidade.


Às vezes me pego pensando do que mais eu sentiria falta do mundo material quando eu morresse… E Draconian Times é uma dos que me vem à mente.

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