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Cinco Miligramas de Misantropia

Rotting Christ – Pro Xristou

Rotting Christ - Pro Xristou

Os veteranos gregos do metal extremo, Rotting Christ, retornam com seu 14º álbum de estúdio, “Pro Xristou”. Com mais de 35 anos de carreira, a banda, liderada pelos irmãos Sakis e Themis Tolis, continua a surpreender seus fãs com uma sonoridade poderosa e inovadora, sem perder sua essência sombria e melódica. Gravado no Devasoundz Studios, o disco foi produzido pelo vocalista Sakis Tolis. O álbum foi lançado no Brasil pela Urubuz Records.

Uma breve história da banda

Formada em 1987, Rotting Christ rapidamente se destacou na cena do metal extremo com seu álbum de estreia “Thy Mighty Contract” em 1993, que é considerado um marco no black metal grego. Outros destaques em sua discografia são “Dead Poem” de 1997, “Theogonia” de 2007, e Aelo de 2010, que consolidou ainda mais seu estilo único, mesclando elementos de black metal com influências góticas e folclóricas. Agora, em “Pro Xristou”, a banda entrega um dos trabalhos mais acessíveis e grandiosos de sua carreira.

Desenvolvimento do álbum

“Pro Xristou” (Antes de Cristo) é uma jornada musical que explora a resistência dos reis pagãos contra a ascensão do Cristianismo. O álbum é uma fusão de melodias épicas, riffs pesados e elementos sinfônicos, criando uma atmosfera que é ao mesmo tempo sombria e majestosa. A faixa de abertura, “Pro Xristou”, já nos envolve com uma introdução dramática e a invocação de deuses antigos como Hades, Xibalba, Titan, Prometheus, Zeus, Shiva Mahadeva, Taran e Asmodeus, estabelecendo o tom épico e cerimonial do álbum.

Curiosidades e destaques

1. Temática e Linguagem

O álbum explora a batalha entre o conhecimento pagão e a luta contra o Cristianismo, utilizando narrativas em grego, inglês e italiano. Essa mistura de línguas e a profundidade lírica acrescentam uma dimensão única e rica ao álbum. 

Por exemplo, na faixa “The Apostate”, ouvimos as palavras do imperador Flavius Claudius Julianus: “Σωσε ημιν-Σωσε με ιερεια: Salva-nos – Salva-me, sacerdotisa. Eye for an eye and tooth for a tooth: Olho por olho e dente por dente, que refletem a rejeição ao Cristianismo e a promoção do Helenismo neoplatônico.

2. Abertura e Estrutura Musical

A faixa de abertura, “Pro Xristou”, funciona como uma introdução dramática, que prepara o ouvinte para a grandiosidade que se segue. “The Apostate” continua com uma mistura de riffs melódicos e vocais narrativos, intensificados por coros que adicionam uma camada épica à música. A referência a deuses antigos como Hail-Ra, Hail-Baal, Hail-Nyx e Hail-Tyr reforça a atmosfera pagã e ritualística do álbum.

3. Influências e Sonoridade

“Like Father, Like Son” destaca-se pela sua melodia que lembra Bathory e riffs que remetem ao old school. A letra, que fala sobre orgulho, honra e a herança espiritual de pai para filho, adiciona uma camada emocional à música: “Orgulho e honra, paixão, amor e fé / Crença no seu próprio espírito / Isto é o que seu pai dizia”.

Análise do Clipe: “La Lettera del Diavolo” do Rotting Christ

O Rotting Christ mais uma vez nos presenteia com uma obra audiovisual impactante com o clipe de “La Lettera del Diavolo”. Esta é a quinta faixa do mais recente álbum da banda, “Pro Xristou”, e se destaca tanto pela sua história intrigante quanto pela sua produção visual impressionante.

A História por Trás da Música

“La Lettera del Diavolo” é baseada em uma história real do século XVII sobre uma freira italiana que escreveu uma carta codificada. Ela afirmou que a carta foi ditada a ela pelo próprio Diabo. Esse episódio misterioso e sombrio serve de pano de fundo perfeito para a sonoridade intensa e atmosférica que a banda apresenta na faixa.

Um trecho da música em italiano diz: “”Eu sou o deus / Eu sou o salvador / Eu sou o pecado / Eu sou o sangue”, e assim enfatiza a natureza provocativa e blasfema da música.

Produção Musical e Letra

Toda a música e letra foram compostas por Sakis Tolis, o que garante a autenticidade e a profundidade características do Rotting Christ. A música mistura elementos de black metal com uma abordagem quase teatral, destacando vocais operísticos e blast beats que intensificam a atmosfera dramática da faixa.

Videoclipe e Ilustrações

O videoclipe foi criado por Lars Kristoffer (@larskristo HD), cujas ilustrações e direção visual complementam perfeitamente a narrativa sombria da música. O vídeo utiliza uma combinação de animações e imagens simbólicas para contar a história da freira e sua carta diabólica, criando uma experiência visual que é ao mesmo tempo perturbadora e fascinante.

5. Elementos Visuais e Narrativos

O álbum utiliza uma variedade de sons ambientes, incluindo sinos e efeitos sonoros que evocam batalhas épicas e narrativas antigas. Essas adições criam uma experiência auditiva imersiva, onde cada faixa se transforma em uma mini história cinematográfica. A faixa “The Farewell” exemplifica isso com sua letra evocativa.

A capa do disco

A capa do álbum “Pro Xristou” do Rotting Christ apresenta a obra de arte “Destruction”, parte da série “O Curso do Império” de Thomas Cole, pintada entre 1833 e 1836. Esta série é composta por cinco pinturas que retratam o crescimento e a queda de uma cidade imaginária, refletindo os sentimentos da época sobre a transitoriedade das civilizações. 

Em “Destruction”, Cole captura o momento caótico em que um império grandioso é destruído, simbolizando a inevitável decadência após o auge do poder e da riqueza. A pintura, com seu cenário dramático de destruição e caos, destaca a fragilidade das conquistas humanas e serve como um poderoso comentário sobre a ciclicidade da história. 

A escolha desta obra para a capa do álbum intensifica os temas sombrios e épicos explorados pelo Rotting Christ em “Pro Xristou”, evocando uma sensação de desolação e majestade que ressoa profundamente com a música da banda.

Faixas de Destaque

The Apostate – A faixa de abertura estabelece o tom do álbum com uma combinação poderosa de riffs melódicos e vocais narrativos. A atmosfera é intensificada por coros que adicionam uma camada épica à música.

Like Father, Like Son – Esta música é um exemplo perfeito da habilidade da banda de criar ganchos memoráveis sem comprometer a intensidade. Os riffs remetem ao som clássico do metal, enquanto as melodias evocam uma sensação de grandiosidade.

The Sixth Day – Com uma vibe gótica dos anos 90, esta faixa é um hino sombrio que se destaca pelas suas letras provocativas e seu ritmo cativante. A letra reflete a criação do homem e a luta entre luz e escuridão: “E no sexto dia eu criei o homem / O poder do leão / A luxúria do bode / O nebuloso Órion / A ira de Deus”.

Pretty World, Pretty Dies – Abrindo com sons de batalha, esta música é uma marcha que combina riffs poderosos com um refrão contagiante, destacando a habilidade da banda em criar atmosferas imersivas. A letra “É assim que o mundo acaba / Não com um estrondo, mas com um gemido” é uma referência ao poema “The Hollow Men” de T.S. Eliot, que adiciona uma camada literária à música.

Conclusão

“Pro Xristou” é um álbum que consolida Rotting Christ como uma das bandas mais importantes do metal extremo. Com uma produção impecável e uma composição magistral, este álbum é uma obra-prima que merece ser ouvida repetidamente para apreciar todos os seus detalhes. Rotting Christ continua a redefinir o gênero, mantendo-se fiel às suas raízes enquanto exploram novos horizontes musicais.

Track list:

  1. Pro Xristou (Προ Χριστού) 1:29
  2. The Apostate 5:01
  3. Like Father, Like Son 4:35
  4. The Sixth Day 3:56
  5. La Lettera Del Diavolo 4:01
  6. The Farewell 6:15
  7. Pix Lax Dax 4:33
  8. Pretty World, Pretty Dies 4:51
  9. Yggdrasil 5:04
  10. Saoirse 6:17

Membros:

Sakis Tolis – vocal, guitarra
Kostas Foukarakis – guitarra
Kostas Cheliotis – baixo
Themis Tolis – bateria

Gravadora: Urubuz Records

Jornalista Filipe Souza - Cinco Miligramas de Misantropia

Filipe Souza

Editor / Jornalista Responsável

MTB32471/RJ

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