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Cinco Miligramas de Misantropia

The Sadness – O vírus da perversão

The Sadness - O vírus da perversão

Publiquei recentemente o vídeo sobre a HQ “Crossed” e tive um comentário bem legal no YouTube de um dos inscritos que mencionou o filme “The Sadness”, dizendo que foi baseado na HQ Crossed. Na mesma hora eu larguei tudo e fui caçar o filme para assistir.
E “The Sadness” é uma coisa absurda de tão infame, gore, violenta e linda ao mesmo tempo! Depois que o filme acabou eu nem consegui almoçar! Estava chocado com tamanha perversidade humana e crueldade!
Passei a tarde pesquisando sobre o filme e vi algumas entrevistas do diretor canadense baseado em Twain: Rob Jabbaz. E tem muita coisa legal e bacana para discutirmos aqui.
Primeiro vamos situar o seguinte: não se trata de um filme de zumbis, mas sim infectados. É um filme gravado e rodado em Taiwan durante a pandemia e ele tem algumas nuances muitíssimo interessantes que não são abordadas e explicadas com profundidade em Crossed. O que me fez compreender melhor o vírus Crossed. Mas aguenta o coração aí, porque eu ainda vou desenvolver melhor esse argumento.
Por exemplo, de onde vem toda essa raiva, malícia, abominação mental e perversão sexual que levam os infectados a ignorarem os seus limites do que é certo e errado? Veremos isso no vídeo.
Prepare-se para uma imersão intensa em “The Sadness”! Este filme ultrajante é uma montanha-russa de violência e crueldade implacável.
A narrativa de perseguição, habilmente conduzida por Jabbaz, não apenas revela a maldade inerente das pessoas como um todo, mas também mergulha nas falhas universais de cada indivíduo. Os monstros infectados em “The Sadness” não se contentam em apenas correr, xingar e ameaçar verbalmente todos ao seu redor – sua violência revela, inadvertidamente, a natureza horrenda e amoral de diversas reações de luta ou fuga.

Prepare-se para uma história repleta de reviravoltas emocionantes! Em meio a um surto devastador do misterioso vírus Alvin, o filme “The Sadness” mergulha na busca desesperada de dois amantes separados: Jim (Berant Zhu) e Kat (Regina Lei).
Essa jornada de reunião é atravessada por atos chocantes de assassinato, tortura e agressão sexual, cometidos por vítimas infectadas. Os infectados têm um único propósito: fazer com que todos os outros sofram. A opressão é palpável, tanto para os personagens quanto para nós, espectadores, pois os infectados são instantaneamente compelidos a infligir dor ou serem feridos por outros.

Sinta o peso angustiante dessas situações extremas e deixe-se envolver pela crueldade desencadeada pelo vírus. “The Sadness” promete levar você a um território perturbador e visceralmente impactante. Esteja preparado para uma experiência cinematográfica que testará seus limites e fará seu coração disparar e o seu estômago revirar.

A ideia inicial

“The Sadness” é um filme que foi inspirado por diferentes influências e teve origem em um contexto específico. O diretor Rob Jabbaz compartilhou em uma entrevista ao site iHorror, que a pandemia foi um ponto de partida para a criação desse filme. Seu chefe o desafiou a escrever um filme relacionado à pandemia que pudesse ser produzido e lançado em um curto período de tempo. Embora a ideia inicial fosse seguir o conceito de um vírus zumbi, Rob Jabbaz sentiu que precisava ir além das convenções já exploradas em séries como “The Walking Dead”.

Ao revisitar obras do passado, como “Crossed” de Garth Ennis, o diretor encontrou uma perspectiva interessante. A temática central de “Crossed” envolvia uma ameaça que não apenas causava danos físicos, mas também revelava a malícia e a crueldade intencional das pessoas.
Essa dimensão adicional da ameaça despertou o interesse de Rob Jabbaz, pois acrescentava um nível de violência psicológica e emocional ao já desgastado mercado de Zumbis e filmes apocalípticos.
No entanto, Rob Jabbaz reconheceu que “Crossed” era mais centrado nos zumbis e nos desafios enfrentados pelos sobreviventes. Ele queria explorar algo diferente em seu filme, então decidiu abordar a vida das pessoas que não se sentiam felizes, que se sentiam desconectadas e insatisfeitas com suas vidas e relacionamentos.
Essas pessoas viviam em um constante estado de medo e raiva, sem encontrar qualquer tipo de liberação ou fuga. A introdução de um vírus que dá a elas um propósito, mesmo que esteja conectado à frustração e à raiva reprimidas, torna-se a base da trama de “The Sadness”.

Em resumo, “The Sadness” é um filme que surge da combinação da pandemia como ponto de partida, a inspiração encontrada em obras como “Crossed” e a abordagem de uma temática que envolve a insatisfação e a raiva reprimidas das pessoas nos tempos atuais, culminando em um vírus que desencadeia um propósito ligado a essas emoções.

Violência ilimitada

Prepare-se para uma experiência de terror que desafia todas as convenções! Em “The Sadness”, o foco não é simplesmente explicar a propagação do vírus, mas ultrapassar os limites do que é razoável e previsível no gênero. Cenas exageradas propositalmente chocam o espectador, como revelou o próprio diretor em entrevista ao site iHorror:
“Em uma parte do filme, eu exagerei intencionalmente, porque eu queria – nem sei se funcionou – mas queria dar um piscar de olhos para o público e dizer, está tudo bem se você gostar disso. Você sabe? Está tudo bem se você se sentir empolgado com o que está acontecendo agora.”
O diretor continua: “A parte da qual estou falando é aquela no metrô, onde o personagem apunhala o homem no pescoço e puxa o objeto com o sangue jorrando. Há muito mais sangue do que deveria ser possível. Isso, para mim, é um momento de hiper-realidade.”

“The Sadness” é desequilibrado e cruel de forma descarada, mas também apresenta comentários sociais que refletem a negação conspiratória durante a pandemia da COVID-19. Desenvolvido ao longo de 8 meses durante a pandemia, o filme se passa em uma versão alternativa de Taiwan, com um governo irresponsável e uma população cínica. Para nós, aqui no Brasil, isso parece familiar. O diálogo entre os personagens menciona que não pode ser coincidência que o vírus “tenha aparecido em um ano eleitoral” e que “é uma farsa”, e que “ninguém mais confia nos médicos”.
Observamos também que o filme apresenta um dos vilões mais inquietantes que já vimos, um empresário simples e despretensioso, porém extremamente determinado a conseguir o que deseja. Isso por si só parece uma reflexão não sutil sobre os falsos “direitos masculinos” sobre importunar uma mulher em ambientes coletivos.
Como um todo, “The Sadness” é surpreendentemente comovente e oportuno (para um filme que golpeia violentamente seu cérebro com cenas violentas). Além disso, é incrivelmente bem filmado. Mesmo com todo o caos estourando na tela.

Prepare-se para presenciar Taipei explodir em um caos sangrento, enquanto pessoas comuns são compelidas a encenar as coisas mais cruéis e aterrorizantes que se possa imaginar. Assassinato, tortura e mutilação são apenas o começo… Em meio à violência e à depravação, um jovem casal é levado ao limite da sanidade, lutando para se reunir. A era da civilidade e da ordem não existe mais. Prepare-se para ser atingido em cheio pela perturbadora realidade de “The Sadness”!

O conceito do título

Um horror inquietante varreu a cidade, mergulhando seus habitantes em um abismo de desespero e desolação. The Sadness, o título do filme, não é apenas um nome, é a personificação do caos que assola a humanidade. As lágrimas derramadas, por isso o nome Tristeza para o filme, pelos infectados são apenas uma pequena mostra do tormento insano que consome suas almas. Seu comportamento distorcido e vertiginoso aterroriza a todos, desafiando a compreensão e mergulhando a cidade em um pesadelo sem fim.

O vírus de The Sadness explica melhor a fúria doentia de Crossed

Em entrevista ao site iHorror, o diretor e escritor de The Sadness, Rob Jabbaz explica muito bem a diferença dos infectados do seu filme para os de Crossed. Mas a explicação para o funcionamento do vírus que eu mais gostei veio do Dr. Alan Wong que salvou Kat da perseguição dentro do hospital.
O médico explicou que o vírus trabalha como se fosse um demônio, ele afeta o sistema límbico do nosso cérebro e se conecta a área que regula a agressão e a área que rege o desejo sexual e essas áreas não são muito diferentes. Wong acredita que essa mutação viral aconteça por processos naturais e que somos escravos do nosso sistema límbico e que o restante do cérebro existe somente para servir ao sistema límbico. O desejo que os contaminados tem por sadismo sexual e crueldade é tão forte que nada consegue impedi-los de realizar as atrocidades, mesmo sabendo que é errado.
E por isso os infectados choram, porque pode dentro sabem que as suas ações são erradas e se sentem culpado, mas os impulsos para cometer os atos são muito mais fortes. O vírus deixa praticamente todas as funções cerebrais intactas, mas não impede o contaminado de realizar suas ações repugnantes. Talvez por isso os infectados não se atacam, pois só ficam satisfeitos em afligir o máximo de sadismo e crueldade em suas vítimas saudáveis.
Para quem não sabe, o sistema límbico é uma região do cérebro responsável por regular as emoções, memórias e instintos de sobrevivência. Ele interage com outras partes do cérebro para influenciar nosso comportamento e estado emocional.

The Sadness chegou perto demais de Crossed

Diversas cenas em “The Sadness” chegaram perto demais de Crossed:
1 – O chão ensanguentado do metrô;
2 – A orgia sexual no hospital;
3 – O empresário fodendo o globo ocular de uma vítima ainda viva;
4 – O cenário das ruas cheias de tripas e carrinhos de bebês ensanguentados;
5 – A cara sádica e os olhos ameaçadores dos infectados;

The Sadness é mais real do que parece

Você já se perguntou por que esse filme é tão perturbador de assistir? A resposta está na sua própria natureza desconfortável. Cadáveres em decomposição como os zumbis clássicos dos cinemas podem parecer distantes de uma realidade possível, mas a maldade e o sadismo que testemunhamos no filme estão mais próximos do que imaginamos. Basta ligar a TV nos telejornais sensacionalistas para vermos violências similares às do filme retratadas diariamente nos quatro cantos do Brasil e do mundo. Será que realmente precisamos de um vírus para despertar o pior de nós mesmos? Ou será que esse vírus já está à solta, corroendo nossa sociedade?

Vivemos em uma época em que a tristeza e o egoísmo permeiam nossa sociedade. Estamos cada vez mais distantes uns dos outros, perdendo a empatia e a conexão humana. Nesse contexto, o filme, no fundo, não parece tão surreal assim. Ele reflete uma realidade sombria que pode estar mais perto de nós do que gostaríamos de admitir. É um lembrete inquietante de como nossa sociedade está se deteriorando, uma chamada para despertarmos e buscarmos a mudança antes que seja tarde demais.

Filipe Souza

Filipe Souza

Editor / Jornalista Responsável

MTB32471/RJ

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