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Cinco Miligramas de Misantropia

Diamanda Galás: Os horrores em Drácula de Bram Stoker e o elo oculto com Rotting Christ!

Diamanda Galás: Os horrores em Drácula de Bram Stoker e o elo oculto com Rotting Christ!

A Artista Multifacetada

No universo da música e arte, poucos nomes ressoam com tanta intensidade e profundidade quanto Diamanda Galás, sua voz abala o mundo das artes como uma força da natureza. 

Com uma carreira que desafia categorizações, Galás é uma verdadeira pioneira, sua voz e presença cênica têm capturado a imaginação de audiências ao redor do mundo. Hoje, mergulharemos no mundo de Diamanda Galás, uma artista sem igual.

Nascida em 1955, Diamanda Galás é uma artista de formação clássica, com uma habilidade única de transitar entre o piano, a composição, e uma performance vocal que vai do operístico ao avant-garde passando pelo satânico. Conhecida por sua extraordinária extensão vocal e performances que tocam a alma e a levam para se afundar no lamacento e obscuro tártaro, Galás tem dedicado sua arte a temas como a dor, a morte, e o ativismo contra a AIDS.

Curiosidades e Participações

“Fluente em várias línguas, Galás utiliza sua voz como um instrumento para explorar a complexidade da condição humana. Sua música não conhece fronteiras, abrangendo desde o jazz ao blues, passando pelo rock e a música experimental. Uma curiosidade fascinante é sua dedicação ao ativismo, especialmente na luta contra a AIDS, tema central em muitas de suas obras, como o álbum ‘Plague Mass’ de 1991.”

A Voz da Revolta: As Obras Mais Impactantes de Diamanda Galás e Seus Poderosos Contextos

Diamanda Galás é uma artista onde o trabalho é tão diversificado quanto provocativo, mergulhando em temas que vão desde a dor e o sofrimento até a política e o ativismo social. 

Suas músicas mais simbólicas refletem uma combinação única de talento vocal extraordinário, intensidade emocional e compromisso profundo com as causas que ela defende. Aqui estão algumas de suas obras mais emblemáticas e seus contextos:

 

1. “The Litanies of Satan” (1982)

Esta é uma das primeiras gravações de Galás e talvez uma das mais impactantes. Baseada em textos de Charles Baudelaire, a música explora temas de revolta e desespero. A performance é um tour de força vocal, utilizando uma gama extensa de técnicas vocais para evocar um ambiente sombrio e perturbador. Essa obra estabeleceu Galás como uma artista disposta a explorar os limites da expressão musical.

 

2. “Wild Women with Steak-Knives” (1982)

Parte do álbum “The Litanies of Satan”, esta peça é uma explosão de energia catártica. A performance é uma demonstração da capacidade de Galás de navegar por extremos vocais, desde sussurros até gritos angustiantes. A música aborda temas de liberdade e insanidade, servindo como um veículo para Galás expressar a fúria feminina e a resistência contra a opressão.

 

3. “Plague Mass” (1991)

“Plague Mass” é um álbum ao vivo que foi gravado na Catedral de St. John the Divine em Nova York. A obra é uma resposta à crise da AIDS, dedicada a todos que perderam suas vidas para a doença. Galás transforma a missa em um poderoso ato de luto e protesto, utilizando sua voz para invocar a raiva, a dor e o desespero daqueles afetados pela AIDS. É uma peça de arte visceral que busca desestigmatizar a doença e chamar a atenção para a inércia governamental e social.

 

4. “Malediction and Prayer” (1998)

Este álbum ao vivo apresenta uma coleção de canções de amor e maldição, variando de standards de jazz a remakes de canções populares gregas. A habilidade de Galás em dar nova vida a essas músicas através de sua interpretação única é notável. Suas performances são carregadas de emoção, transformando canções conhecidas em experiências novas e muitas vezes inquietantes.

 

5. “Defixiones, Will and Testament” (2003)

Este trabalho é um tributo aos mortos do genocídio armênio, assírio e grego perpetrado pelo Império Otomano. Através deste álbum, Galás busca dar voz àqueles que foram silenciados, utilizando sua música como uma forma de memória e protesto. É um álbum que combina elementos da música mediterrânea, orações fúnebres e textos políticos, criando um poderoso lembrete das atrocidades cometidas e da importância de lembrar as vítimas.

 

Cada uma dessas obras destaca a disposição de Diamanda Galás de confrontar o ouvinte com questões difíceis, seja através da exploração vocal, da escolha de temas ou do uso direto da música como forma de ativismo. Sua arte não é apenas para ser ouvida; é para ser experienciada, provocando reflexão e, em muitos casos, ação.

Playlist: Diamanda Galás - Obras Emblemáticas

1. “The Litanies of Satan” – Do álbum “The Litanies of Satan” (1982)

   – Uma introdução visceral ao mundo de Galás, explorando o desespero e a revolta.

 

2. “Sono L’Antichristo” – Do álbum “Plague Mass” (1991)

A letra reflete uma exploração profunda de temas religiosos e do conceito do Anticristo. 

 

3. “Wild Women with Steak-Knives (The Homicidal Love Song for Solo Scream)” – Do álbum “The Litanies of Satan” (1982)

   – Uma demonstração explosiva da capacidade vocal de Galás e uma expressão de fúria feminina.

 

4. “Gloomy Sunday” – Do álbum “Malediction and Prayer” (1998)

   – Uma interpretação sombria e emocionante da clássica “canção húngara do suicídio”.

 

5. “Let My People Go” – Do álbum “The Singer” (1992)

   – Uma poderosa declaração contra a opressão e a injustiça, mostrando a versatilidade de Galás em diferentes estilos musicais.

 

6. “You Must Be Certain of the Devil” – Do álbum “You Must Be Certain of the Devil” (1988)

   – Parte da trilogia sobre a AIDS, esta faixa combina elementos de blues, gospel e avant-garde.

 

7. “See That My Grave Is Kept Clean” – Do álbum “All the Way” (2017)

   – Uma interpretação comovedora da clássica canção de blues, destacando a habilidade única de Galas em reimaginar o repertório tradicional.

 

8. “Orders from the Dead” – Do álbum “Defixiones, Will and Testament” (2003)

   – Um tributo emocionante aos mortos dos genocídios, utilizando música para lembrar e protestar.

 

9. “Birds of Death” – Do álbum “The Sporting Life” (com John Paul Jones) (1994)

   – Uma faixa que mistura rock experimental com a intensidade vocal característica de Galás.

 

10. “O Death” – Do álbum “All the Way” (2017)

   – Uma interpretação arrepiante do espiritual americano, evidenciando a capacidade de Galás de transmitir profundidade emocional e espiritual.

 

11. “Orders from the Dead” (Rotting Christ Version) – Álbum “AEALO” (2010) por Rotting Christ

Uma fusão transcendental entre a profundidade emocional de Diamanda Galás e a energia sombria do black metal grego. Esta versão de “Orders from the Dead” transforma a peça vocal desacompanhada original de Galás em uma obra poderosa de resistência e memória, incorporada no universo do black metal pelo Rotting Christ. A colaboração ilustra o impacto e a versatilidade de Galás, transcendendo gêneros e unindo mundos musicais distintos em uma declaração comum de força e lembrança.




Esta playlist oferece um vislumbre do vasto espectro musical e emocional de Diamanda Galás, desde suas raízes no avant-garde até suas interpretações profundamente pessoais de clássicos do blues e do gospel. Cada faixa é uma jornada por si só, refletindo o compromisso inabalável de Galás com a expressão artística sem fronteiras.

Participação em "Drácula de Bram Stoker"

“A voz única de Galás também encontrou caminho no cinema, mais notavelmente na trilha sonora de ‘Drácula de Bram Stoker’, dirigido por Francis Ford Coppola. Sua colaboração com o compositor Wojciech Kilar (voy-tciéch ki-lar) resultou em uma atmosfera sonora que é tão imortal quanto o próprio Conde Drácula, ampliando o terror e a paixão que definem este clássico do cinema.”

Coppola pediu a Diamanda Galás que gravasse improvisações vocais de glossolalia.

 

Mas o que é Glossolalia? Você deve estar se perguntando: é um distúrbio de linguagem observado em certos doentes mentais que creem inventar uma linguagem nova.  Isso acontece muito em igrejas neopentecostais pelo Brasil, quando seus seguidores acreditam que falam a língua dos anjos, mas tudo não passa de uma doença mental. 

 

Além da glossolalia, Galás também gravou gritos agudos para os vocais das noivas de Drácula e algumas cenas de Lucy para dar ao filme seu quociente sonoro de terror

 

 Galás também contribuiu com sua música “Deliver Me” durante a cena da possessão de Mina pelas noivas de Drácula e a morte de Drácula no final do filme.

Diamanda teve o prazer de discutir o trabalho com Francis Ford Coppola antes das sessões de gravação. 

Drácula de Coppola ganhou o Oscar de Melhores Efeitos Sonoros e Edição de Efeitos Sonoros, Melhor Figurino e Melhor Maquiagem.

Colaboração com Rotting Christ no Álbum "AEALO"

“Explorando novos territórios musicais, Galás colaborou com a banda grega de black metal Rotting Christ no álbum ‘AEALO’. Sua voz adiciona uma camada de profundidade emocional ao álbum, provando mais uma vez sua versatilidade e seu compromisso em cruzar barreiras musicais. ‘AEALO’ é uma fusão poderosa de estilos, onde a tradição encontra o contemporâneo, criando uma experiência sonora única.”

Conclusão: O Legado de Diamanda Galás

Diamanda Galás é uma artista que desafia categorizações, uma voz que não se cala diante da injustiça e da dor. Seu legado é uma tapeçaria rica de sons, emoções e provocação. 

Através de sua arte, Galás nos convidou a olhar para dentro de nós mesmos, para enfrentar nossos medos e preconceitos. Ela é uma lembrança viva da força transformadora da música e da performance.

Filipe Souza

Filipe Souza

Editor / Jornalista Responsável

MTB32471/RJ

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