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My Dying Bride – A Mortal Binding

My Dying Bride - A Mortal Binding

Introdução ao Álbum

Rosnado e cruel, o ícone da instituição do Doom/Death Metal melancólico e torpe do My Dying Bride retorna com um álbum que mantém o equilíbrio do universo distópico e sépia da banda. 

O décimo quinto disco de estúdio da banda foi lançado em versão nacional pela Shinigami Records, 

 

Retorno Após “The Ghost of Orion”

Quatro anos após o excelente “The Ghost of Orion” o My Dying Bride volta a não decepcionar os fãs. Todos os elementos que amamos na banda como aquele fio de desesperança que o violino de Shaun Macgowan traz, as guitarras lamentosas, todo o instrumental que pinta paisagens desesperadoras em nosso consciente enquanto ouvimos os lamentos de tristeza e angústias do vocalista Aaron faz o My Dying Bride uma banda que não tem disco ruim e muito menos desconecta seus fãs da promessa de desespero e aflição que a banda nos presenteia há mais de 30 anos. 

My Dying Bride - A Mortal Binding (Shinigami Records - Nacional) 2024

Detalhes do Álbum “A Mortal Binding”

O álbum “A Mortal Binding”, que traduzindo ficaria “Um Vínculo Mortal”, tem cerca de 54 minutos de pura desolação, com muitas letras de revolta contra a fé e um desgosto nada profano contra Deus e sua arrogância egocêntrica. 

 

Abertura do Disco

O disco abre com peso, agressividade e andamentos característicos do My Dying Bride com as faixas “Her Dominion” e “ Thornwyck Hymn”. Já o restante do disco pende ao já consagrado e delicioso martírio miserável que só o My Dying Bride é capaz de proporcionar.

Análise Musical e Lírica

Musicalmente, “A Mortal Binding” é uma jornada complexa através de paisagens sombrias e melódicas. Os arranjos são ricos e variados, com a guitarra e o violino desempenhando papéis centrais, criando uma textura que é ao mesmo tempo melancólica e bela. As faixas alternam entre momentos de pesar intenso e passagens mais serenas, permitindo que o ouvinte se perca nas ondas de emoção que o álbum propõe.

 

Destaques Líricos: “The Apocalyptist” e “A Starving Heart”

Em relação às letras do disco achei interessante destacar duas faixas para analisarmos. Começaremos por “The Apocalyptist”, que é a sexta faixa do álbum. Esta canção se destaca por explorar temas como resistência e redenção através de uma linguagem simbólica. Veja os pontos chave: 

  1. “Não busque por mim e procure por rendição” – O verso inicial já sugere uma luta contra a rendição, indicando força e resiliência frente aos desafios.
  2. “De baixo do oceano pois o mundo está acabado” – Evoca a imagem de um apocalipse, com o oceano simbolizando profundezas emocionais.
  3. “Uma carta selada por uma coroa sangrenta” – Este verso pode ser interpretado de várias maneiras, inclusive evocando a imagem da coroa de espinhos de Cristo, um símbolo poderoso de sacrifício e sofrimento no Cristianismo. A referência a uma “coroa sangrenta” traz à tona temas de dor e redenção, mas também pode sugerir uma crítica às instituições religiosas. A utilização deste simbolismo em um contexto mais amplo poderia indicar uma discussão sobre como as autoridades, incluindo as religiosas, manipulam conceitos de sacrifício para seus próprios fins, ou pode refletir uma perspectiva pessoal sobre o sofrimento e a busca por sentido em meio à dor. Este verso, portanto, não só destaca o peso das escolhas e suas consequências, como também pode ser visto como um questionamento das narrativas religiosas que glorificam o sofrimento como forma de redenção.
  4. “Ele viveu dentro de um sonho por 100 anos” – Representa o escapismo ou a desconexão prolongada da realidade.
  5. “Liberte-se de suas lágrimas. Segure a mão de seus medos” – Encoraja enfrentar e superar os medos, promovendo uma mensagem de coragem.

Essa música carrega uma forte carga emocional e simbólica, refletindo sobre desistência, luta interna e a busca por libertação pessoal.

“A Starving Heart” é uma faixa envolvente que explora imagens poéticas para discutir temas de desolação e renovação. Aqui estão os principais trechos para analisarmos:

  1. “O velho rio se arrasta lentamente para o mar para morrer” – O rio representa o curso inevitável da vida e seu final natural, sugerindo um tema de fim e transição.
  2. “Os prados de feno colhidos pela foice gelada” – Esta imagem de colheita com uma “foice gelada” simboliza a morte e o fim de um ciclo, reforçando a ideia de mortalidade.
  3. “O Deus do fogo está aqui com o fogo de seus olhos” – Indica destruição e renovação, uma força poderosa e transformadora na natureza e na vida.
  4. “A capela solitária queima enviando anjos para os céus” – Pode ser interpretada como uma representação de sacrifício ou perda, onde até os lugares sagrados não são poupados das chamas da mudança.
  5. “Pelas suas bocas, o mundo beberá as águas profundas” – Sugerindo uma renovação ou purificação, este verso aponta para a ideia de que, através de grandes desafios ou “profanidades”, surgem novas possibilidades de renascimento.

 

A letra da canção “A Starving Heart” usa metáforas poderosas para refletir sobre destruição e renovação, oferecendo uma meditação sobre a natureza cíclica da vida e da morte. Esta análise foca em entender como cada elemento contribui para o tema central da música.

My Dying Bride - A Mortal Binding (Shinigami Records - Nacional) 2024

Conclusão

O My Dying Bride mantém a sua coroa e ainda é sinônimo de música gótica sobre tragédias pessoais, perdas e sofrimento. Resumir o My Dying Bride dessa forma seria um sacrilégio, já que o sexteto é uma unanimidade em termos de qualidade, além de nos proporcionar uma trilha sonora gótica sem igual para os dias frios e cinzentos. 

Mas você sabe que a banda está muito além de qualquer mero adjetivo.

Filipe Souza

Filipe Souza

Editor / Jornalista Responsável

MTB32471/RJ

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Gravadora:

Shinigami Records – Nacional – 2024

Faixas:

  1. Her Dominion
  2. Thornwyck Hymn
  3. The 2nd of Three Bells
  4. Unthroned Creed
  5. The Apocalyptist
  6. A Starving Heart
  7. Crushed Embers